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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O Solitário Jim (Lonesome Jim)

"O Solitário Jim" (2005) dirigido pelo versátil ator Steve Buscemi, que também se sai maravilhosamente como diretor (Animal Factory - 2000), nos entrega um filme independente baseado no livro de James C. Strouse. A história é super singela, realista e disserta sobre frustrações, relações familiares, solidão e amor. 
Depois da frustrada tentativa de morar sozinho em Nova York, Jim (Casey Affleck) retorna à cidade natal, em Indiana, onde é forçado a voltar para a casa dos pais e dar de cara com a realidade que um dia o fez ir embora da cidade. Sua vida melhora um pouco quando conhece a enfermeira Anika (Liv Tyler) e seu filho. Jim, então, aprende lentamente como continuar seu caminho sem deixar todos para trás.
Jim retorna à casa de seus pais depois de se frustrar na cidade grande, sua postura niilista não ajuda na relação com os pais, tudo é muito estranho e forçado, ninguém é feliz naquela casa, mesmo a mãe o recebendo de braços abertos a situação é constrangedora, ele tem 29 anos e não conseguiu nada na vida, assim como seu irmão Tim (Kevin Corrigan) que também mora lá e sofre em se ver trabalhando na fábrica dos pais, ele tem duas filhas e treina um time de basquete de crianças que nunca pontua. O tom do filme é amargo, porém possui vários alívios cômicos, todos eles bem naturais e comuns. Jim é angustiado, nada o deixa animado, ele ama a sua família, mas não deseja estar perto deles, os seus sentimentos em relação a eles são contraditórios.
Vagando pela cidade de bar em bar, Jim conhece Anika, uma linda enfermeira que devagar vai trazendo cor a sua vida, ela também possui as suas tristezas e de pouquinho a pouquinho se apega a figura enigmática de Jim, que carrega em si a mesma aflição e desespero de grandes escritores, cujos livros são sobre gente triste com sonhos patéticos, como Virginia Woolf, Richard Yates, Burroughs, Sylvia Plath, Samuel Beckett, Dorothy Parker, Breece D'J Pancake e Hemingway. Ele tem essa alma inquieta e melancólica que busca e não compreende a tristeza que o consome, sente a insatisfação que a vida gera e as hipocrisias que a rodeia lhe dão ainda menos ânimo para seguir em frente, mas o fato dele não ter nada o faz persistir, na conversa que tem com o irmão sobre isso deixa claro que no lugar dele já teria se matado. A consequência desse diálogo se torna quase trágica.

O filme tem um tom pesaroso, o protagonista sempre está cabisbaixo refletindo sua vida, as suas frustrações, as dores que ele sente o espectador também sente, os dramas vividos por ele são tão humanos, tão comuns a qualquer pessoa, a difícil relação com a família, os sonhos quebrados, admitir que não há muito para si e enxergar o que já se tem. Jim está perdido e não tem perspectiva nenhuma, a volta à casa dos pais o faz se sentir ainda mais desolado, foi sua última alternativa simplesmente por não ter mais dinheiro. Mas, refletindo sobre tudo Jim sabe que foi muita inocência crer que os sonhos se realizam só porque se sonha e que ao aceitar as decepções as dores diminuem.

"O Solitário Jim" é um filme simples que abrange relacionamentos e mostra que nem sempre é preciso fugir para ter o que deseja, às vezes o que precisamos está perto e nem percebemos, damos as costas. Jim compreende que também precisa dar e não apenas receber amor, e é através de Anika e seu filho Ben que sente-se preenchido e por fim abre um sorriso sincero. Vale ressaltar a linda trilha sonora que acompanha Jim e suas descobertas existenciais.

2 comentários:

  1. É um filme melancólico, com personagens que tem a cara de Steve Buscemi. São pessoas simples e reais.

    Abraço

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  2. O solitário Jim é a versão Beta do Melancólico Lee.

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