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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Minhas Tardes com Margueritte (La Tête en Friche)

Este é daqueles filmes em que se assiste com um sorriso no rosto. Gérard Depardieu é Germain, um homem simplório, de poucos recursos intelectuais, mas de um coração imenso. Assim se dá o título original em francês, "La Tête en Friche", que significa algo como, "cabeça ainda não cultivada" ou "cabeça ociosa". O título nacional é de uma graciosidade e delicadeza que coube perfeitamente à história.
Germain mora num trailer instalado no quintal de sua mãe, uma mulher problemática, do qual ele não consegue se distanciar nem fisicamente, e nem emocionalmente. Quando questionado por ainda morar tão perto da mãe, ele diz que seu problema com ela fica dentro da cabeça. "De nada adiantaria se eu morasse no fim do mundo".
Certo dia, no banco de uma praça conhece uma velhinha nonagenária muito simpática e apaixonada por literatura, logo ela o introduz ao mundo mágico dos livros. Assim segue as tardes, ele alimentando os pombos, enquanto Margueritte lê para Germain. A solidão da velhinha é amenizada ao conversar sobre Albert Camus.
Uma história envolvente fomentada pela vontade de viver dela e a vontade de aprender dele. Um encontro inesperado, uma amizade rica, cheia de ternura e emoção. Germain vê o mundo se descortinando diante de si, enquanto Margueritte se sente útil e alegre de ver alguém interessado pelos livros.
Gérard Depardieu despido de toda a sua vaidade interpreta o grandalhão ignorante que nos cativa, e que nos tira várias gargalhadas durante a trama, e doses exatas de sensibilidade dão um tom alegre. A atriz Gisèle Casadesus nos seus impressionantes 97 anos de idade, entrega de forma fascinante uma personagem repleta de ternura e delicadeza. O que Germain procurou a vida inteira encontrou nessa doce velhinha.
Com diálogos inteligentes permeados pela literatura, ficamos encantados com a sutileza e a maneira como expõe o quanto Germain tem mais potencialidade e mais inteligência do que qualquer pessoa culta.
Germain lida com suas complexidades a seu modo, pois é assim, de forma simples que cresceu, sem a capacidade de se emocionar e sonhar. O filme não apela para o melodrama, as situações emocionam por si próprias, evolui-se naturalmente.

Singelo, nos traz sentimentos bons e como disse no início, se assiste com um sorriso no rosto. O cinema francês prova que está além dos velhos e tão batidos clichês.

"Nas histórias de amor há mais que amor. Às vezes não há nenhum 'eu te amo', mas se amam."

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