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sexta-feira, 30 de março de 2012

Histeria (Hysteria)

Em 1880, a Inglaterra ainda tem dificuldade em abandonar velhos hábitos, em especial na medicina. Nessa época, que não se acredita na existência de germes e bactérias, ainda são usados métodos iguais para qualquer tipo de doença. Mortimer Granville (Hugh Dancy) é um jovem médico de pensamentos modernos que sofre para conseguir ajudar as pessoas ao seu redor, e para manter um emprego fixo, já que ninguém gosta de suas inovações. Quando começa a trabalhar com o Dr. Robert Dalrymple (Jonathan Pryce), Mortimer conhece a "doença" chamada Histeria, que estaria afetando metade das mulheres de Londres. O jovem também conhece as duas filhas do velho doutor, a comportada Emily (Felicity Jones) e a revoltada Charlotte (Maggie Gyllenhaal). Ao mesmo tempo que os tratamentos para a Histeria evoluem, Mortimer começa a ver com outros olhos o papel das mulheres na sociedade em que vive e a duvidar se a Histeria realmente é uma doença.
A tal da Histeria era um termo médico para a "doença" que as mulheres tinham na época, quando elas ficavam agitadas, emocionalmente abaladas e agressivas (efeitos normais de ciclos menstruais ou apenas desejo sexual, já que era uma época de muita repressão às mulheres). O tratamento era um estímulo sexual com os dedos ou com jatos d'água, feitos claro, por um profissional.
"Histeria" conta de modo muito leve e com o tão conhecido humor inglês a história do primeiro vibrador numa sociedade completamente machista, onde as mulheres não tinham espaço, eram reprimidas, insatisfeitas e quando alguma se sobressaía como foi o caso de Charlotte, era vista como uma mulher voluntariosa, histérica, e que jamais se casaria, pois nenhum homem se atreveria a domar uma mulher assim. A ideia do vibrador, ou massageador, veio porque as mulheres cada vez mais procuravam o tratamento manual, e assim as mãos dos médicos ficavam dormentes. O filme revela o assunto de forma superficial, colocando ênfase também no começo da mudança em relação de como as mulheres eram vistas no século passado.
Apesar do filme ser classificado como comédia romântica, ele não se encaixa perfeitamente no gênero, tem toda a história de romance e de opostos que se atraem, mas o foco está no interessante retrato desse pedaço da História em que ocorreram grandes mudanças.

O filme retrata uma sociedade diferente, cheia de elegância e pomposidade, mas que na verdade era dominada pelo machismo. As várias cenas em que as mulheres estão no consultório com as pernas abertas, porém cobertas com descrição são um tanto engraçadas, os orgasmos são dos mais variados, e os médicos ao final dizendo que a consulta foi satisfatória e aliviou a paciente da histeria são momentos pitorescos. A ideia era de que a mulher não tinha prazer sexual como o homem, portanto, logo era diagnosticada histérica, mas graças a invenção do vibrador, novas descobertas foram feitas e a mulher avançou grandes passos na sociedade.
Outro ponto muito bom do filme é Edmund, amigo de Mortimer, um homem de fortuna que esbanja com as novidades tecnológicas da época, inclusive ele foi um dos que ajudaram a criar o tão adorado vibrador, aparece também o telefone, super novidade na época e que só pessoas abastadas podiam ter.
O ritmo é ótimo, o conteúdo interessante, divertido sem ser debochado. É um tanto quanto estranho e curioso, digamos que é uma versão romanceada sobre o primeiro vibrador, e isso já vale a pena para querer conferi-lo.

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