"The Eddy" (2020) minissérie disponível no catálogo da Netflix é um achado maravilhoso que cativa com toda sua musicalidade e sentimentos complexos, com personagens apaixonantes somos absorvidos por uma aura de melancolia numa Paris pulsante onde predominantemente o que se sobressai é a veneração pelo jazz e os laços afetivos que são construídos a partir dele.
Dirigido por Damien Chazelle (Whiplash - 2014, La La Land - 2016) acompanhamos em oito episódios a história de Elliot (André Holland), um exímio pianista que abandonou a carreira após uma tragédia familiar e partiu sozinho para Paris onde abriu uma casa de show especializada em jazz junto de seu melhor amigo Farid (Tahar Rahim). Elliot não é uma pessoa fácil de lidar, é extremamente perfeccionista e a banda intitulada The Eddy composta pelos melhores músicos é a sua vida, conhecemos alguns integrantes mais de perto em episódios dedicados a eles, como Maya (Joanna Kulig) que precisa lidar com frustrações na carreira e sua relação conturbada com Elliot e Jude (Damian Nueva), que esbanja autenticidade e afeto. Elliot precisa dar um jeito em sua vida, há muitas pontas soltas e depois da morte misteriosa de seu sócio e amigo sua vida vai ladeira abaixo, são muitas coisas para resolver, problemas com o clube, coisas ocultas que Farid fazia e além disso, sua filha Julie (Amandla Stenberg) vem morar em Paris e tentar criar laços com o pai, mas é uma tarefa muito difícil e nenhum dos dois estão preparados, ela acaba indo morar na casa da viúva de Farid, Amira (Leïla Bekhti).
A trama policial acaba desviando muito o tom da série, é uma lástima infelizmente, acaba perdendo muito o contexto dramático dos personagens que são ricos e densos em suas mais diversas camadas, isso se deve a excelência das interpretações, inclusive os integrantes da banda são músicos na vida real que nunca interpretaram. A parte musical é linda e empolgante e por isso nem importa tanto as decaídas que o roteiro dá. Outro ponto positivo é que a história é repleta de diversidade, a Paris retratada é recheada de culturas, onde imigrantes lutam pelo seu espaço ao lidar com preconceito e desigualdade.
A minissérie tem episódios marcantes, vibrantes, melancólicos e apesar da trama escorregar no lado policial tem fascinantes cenas em que a música impera nos proporcionando beleza ao ver a paixão que exala dos músicos, mais orgânico impossível. As histórias se desenrolam de maneira contida e por mais que soe arrastada em alguns pontos vale muito assisti-la.
"The Eddy" é uma minissérie vibrante pelo jazz e tocante pelas histórias que acompanhamos, até poderia se aprofundar em mais personagens, as diversas personalidades são apaixonantes, mas também complexas e caóticas, e mesmo que hajam desentendimentos e conflitos o afeto sempre norteia essas relações.