terça-feira, 10 de julho de 2018

A Livraria (The Bookshop)

"Entre livros, ninguém pode se sentir sozinho."

"A Livraria" (2017) dirigido por Isabel Coixet (Assumindo a Direção - 2014), adaptado do livro homônimo de Penelope Fitzgerald é uma fábula encantadora sobre o amor à literatura, a ambientação e a atmosfera da história fascina e apesar de carecer de alguma profundidade consegue homenagear lindamente a bibliofilia.
No final da década de 50, uma mulher (Emily Mortimer) recém-chegada em uma pacata cidade do litoral da Inglaterra decide abrir uma livraria. Contudo, sua iniciativa é vista com maus olhos pela conservadora comunidade local, que passa a se opor tanto a ela quanto ao seu negócio, obrigando-a lutar por seu estabelecimento.
Florence é uma viúva que coloca em prática seu desejo de abrir uma livraria numa pacata e retrógrada cidadezinha inglesa, ao mesmo tempo que é uma mulher delicada e paciente é também persistente e corajosa, ela então precisa enfrentar Violet Gamart (Patricia Clarkson), uma aristocrata que fica extremamente incomodada com sua ousadia e faz de tudo para que não consiga sucesso, inventa burocracias e usa de seu poder para isso, só que esse lado da história não é tão relevante, o que é maravilhoso de verdade são os habitantes que aos poucos vão sendo inseridos ao universo da literatura, ao abrir o local as pessoas não acreditavam que fosse dar certo, pois ali ninguém tinha o hábito da leitura, eram pessoas simples, mas conforme os dias a livraria começa fazer enorme sucesso, especialmente, quando um novo romance surge, "Lolita", de Nabokov, as vitrines logo se enchem desses exemplares e a população sente grande interesse pelo polêmico livro. Outro ponto a se destacar é a relação que Florence estabelece com Christine (Honor Kneafsey), uma garotinha esperta que é dona de frases incríveis e que por fim leva adiante o que tanto Florence sonhou, outro personagem interessante, mas não tão bem desenvolvido é Edmund Brundish (Bill Nighy), um recluso senhor e o único leitor do local, que no decorrer se apaixona por Florence e sua determinação e tenta ajudá-la a manter a livraria. Edmund também se encanta pela obra de Ray Bradbury, quando por ocasião Florence envia o exemplar de Fahrenheit 451. A relação dos dois se estreitam à medida que Florence envia os exemplares e Violet decide de fato acabar com seu estabelecimento. O roteiro fica na superficialidade, por exemplo, Violet deseja montar um centro cultural apenas para se aparecer e não porque tem amor envolvido, o poder que ela detém sobre todos e as maneiras mesquinhas com que age para derrubar Florence acaba ficando para segundo plano, pois o que realmente se sobressai é a beleza da ambientação, as estantes repletas de livros, a livraria em si esbanjando charme, a natureza ao redor, a sensibilidade de Florence, a sua inocência em meio a sua coragem, e todas as pessoas que de algum modo foram tocadas por seu sonho.

Aos amantes de literatura fará mais efeito, autores e títulos citados para conhecer, outros tão aclamados que na época eram novidade, as capas, as estantes, isso o filme exala com perfeição e mantém com encanto durante todo o tempo, o idealismo de Florence é também marcante mesmo ela tendo uma personalidade doce, e sua visão para introduzir livros que seriam grandes sucessos potencializa a alma da história. 
Dois personagens se sobressaem, a pequena Christine que possui personalidade forte e garante ótimos diálogos e que é impregnada sem saber pelo espírito de Florence. Um livro em especial é indicado a ela e isso fará com que dê seguimento ao sonho tão almejado de sua amiga. Outro é o coadjuvante James (Milo North), um jornalista desempregado que apresenta maneirismos esquisitos e que de mansinho se alia a Violet, muitos dos personagens não são explorados e suas atitudes se perdem, como no caso de Sr. Brundish, que inicialmente é recluso por conta de seu passado e odiar as fofocas sobre ele, mas que no decorrer se transforma em uma caricatura. 

"A Livraria" é uma fábula agradável, aconchegante e uma linda homenagem à literatura, nos arrebata pelo visual e é impossível não querer ir atrás do livro adaptado e todos os títulos citados, vasculhar alguns sebos e livrarias, arrumar sua estante e apreciar esse hábito tão delicioso que nos faz viajar, refletir e que nos afasta da solidão. 

Um comentário:

  1. É mais um filme que está na minha lista para conferir em breve.

    Abraço

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