"Táxi Teerã" dirigido por Jafar Panahi (O Balão Branco - 1995, Ouro Carmim - 2003, Fora do Jogo - 2006), um dos mais influentes diretores da New Wave iraniana, traz neste longa diversas questões que rondam as sociedades islâmicas, uma importante obra já que ele está proibido de conceber filmes desde 2010, com a alegação de que seus filmes vão contra o regime. Panahi lançou "Isto não é um Filme" em 2011 e "Cortinas Fechadas" em 2013 de forma clandestina.
Em 2010 Panahi desagradou às autoridades iranianas ao apoiar Mir Hussein Mussavi, o candidato oposicionista, na eleição presidencial de junho de 2009. Posteriormente, sua casa foi invadida, e a sua coleção de filmes, tachada de "obscena", foi apreendida. O cineasta foi preso em março de 2010 e, durante seus 88 dias de detenção, fez greve de fome. Com a mobilização de várias personalidades foi liberado após pagar fiança, mas foi proibido de produzir filmes, dar entrevistas e sair do país durante 20 anos.
"Táxi Teerã" (2015) é uma obra de ficção, embora Panahi interprete ele mesmo, é uma espécie de falso documentário, algumas cenas dão a entender que são combinadas e roteirizadas e outras, no entanto, parecem ser naturais e realísticas.
O valor desse trabalho de Panahi, que não é simplesmente apenas um diretor, mas um ativista que não desiste diante a um regime opressor que dita regras absurdas é imenso e certamente ficará marcado, ele está transformando de alguma maneira, trazendo à tona as barbaridades e refletindo sobre essas imposições asquerosas.
O diretor dirige um táxi pelas ruas de Teerã e a narrativa se desenvolve conforme os passageiros, na primeira já vemos uma mulher e um homem discutindo sobre a pena de morte, na outra um vendedor de Dvds pirata de cara reconhece Panahi e o questiona se os passageiros anteriores eram atores ou não. Há pontas de um sutil humor, como quando o vendedor de Dvds vai até um rapaz que diz estudar cinema, e este nervoso com a presença de Panahi começa a escolher clássicos ao invés dos blockbusters, que segundo o vendedor foram os seus pedidos. Em dado momento, o diretor diz que toda obra é válida. Ele segue seu percurso sempre com um semblante muito ameno e um leve sorriso estampado. Depois vem um cara todo ensanguentado e sua mulher aos berros diz que ele está morrendo, Panahi empresta seu celular para que façam um testamento, logo em seguida é a vez de duas senhoras revelando um misticismo envolvendo peixes, e a parte mais interessante é com a sobrinha do diretor, que está tentando fazer um filme distribuível, a menina muito eloquente revela, na verdade, o que o diretor quer dizer mas que é proibido, sobre a censura do país, ela lê uma lista das coisas que não podem ter em um filme.
Outro ponto interessante é quando encontram a advogada, amiga de Jafar, eles falam sobre o episódio de uma moça que foi presa por estar em um estádio, a advogada comenta que ela está fazendo greve de fome, aí lembram da prisão dele também. Ela muito simpática e contundente pede para que retire suas palavras, caso contrário, seu filme será acusado de realismo sórdido. Os episódios fazem referências à suas obras anteriores, e é inegável a importância delas para o cinema iraniano.
Inteligente e desafiador, "Táxi Teerã" é simples, mas impressiona por sua capacidade expressiva ao colocar as imposições da sociedade iraniana, é um belo retrato, apesar de sentirmos revolta em boa parte, mas é uma oportunidade de incentivar a mudança. Jafar Panahi é um ser humano exemplar e merece todo o reconhecimento por suas obras engrandecedoras.
Há apenas duas câmeras instaladas no carro e o filme todo se passa neste cenário, uma forma de transmitir ao espectador uma sensação de clausura, assim como todos naquele país se sentem. A censura está em todos os segmentos da vida e as consequências dela são desastrosas.
"Táxi Teerã" tem uma forte crítica social e política, adentramos e conhecemos através do táxi de Panahi vários aspectos da sociedade contemporânea iraniana. Ao invés de Jafar Panahi aceitar a se refugiar em outro país, ele continua no seu para expressar sua indignação pela falta de liberdade de maneira clandestina. Inteligentemente bem feito é um filme simples, reflexivo e necessário.
Em 2010 Panahi desagradou às autoridades iranianas ao apoiar Mir Hussein Mussavi, o candidato oposicionista, na eleição presidencial de junho de 2009. Posteriormente, sua casa foi invadida, e a sua coleção de filmes, tachada de "obscena", foi apreendida. O cineasta foi preso em março de 2010 e, durante seus 88 dias de detenção, fez greve de fome. Com a mobilização de várias personalidades foi liberado após pagar fiança, mas foi proibido de produzir filmes, dar entrevistas e sair do país durante 20 anos.
"Táxi Teerã" (2015) é uma obra de ficção, embora Panahi interprete ele mesmo, é uma espécie de falso documentário, algumas cenas dão a entender que são combinadas e roteirizadas e outras, no entanto, parecem ser naturais e realísticas.
O valor desse trabalho de Panahi, que não é simplesmente apenas um diretor, mas um ativista que não desiste diante a um regime opressor que dita regras absurdas é imenso e certamente ficará marcado, ele está transformando de alguma maneira, trazendo à tona as barbaridades e refletindo sobre essas imposições asquerosas.
O diretor dirige um táxi pelas ruas de Teerã e a narrativa se desenvolve conforme os passageiros, na primeira já vemos uma mulher e um homem discutindo sobre a pena de morte, na outra um vendedor de Dvds pirata de cara reconhece Panahi e o questiona se os passageiros anteriores eram atores ou não. Há pontas de um sutil humor, como quando o vendedor de Dvds vai até um rapaz que diz estudar cinema, e este nervoso com a presença de Panahi começa a escolher clássicos ao invés dos blockbusters, que segundo o vendedor foram os seus pedidos. Em dado momento, o diretor diz que toda obra é válida. Ele segue seu percurso sempre com um semblante muito ameno e um leve sorriso estampado. Depois vem um cara todo ensanguentado e sua mulher aos berros diz que ele está morrendo, Panahi empresta seu celular para que façam um testamento, logo em seguida é a vez de duas senhoras revelando um misticismo envolvendo peixes, e a parte mais interessante é com a sobrinha do diretor, que está tentando fazer um filme distribuível, a menina muito eloquente revela, na verdade, o que o diretor quer dizer mas que é proibido, sobre a censura do país, ela lê uma lista das coisas que não podem ter em um filme.
Outro ponto interessante é quando encontram a advogada, amiga de Jafar, eles falam sobre o episódio de uma moça que foi presa por estar em um estádio, a advogada comenta que ela está fazendo greve de fome, aí lembram da prisão dele também. Ela muito simpática e contundente pede para que retire suas palavras, caso contrário, seu filme será acusado de realismo sórdido. Os episódios fazem referências à suas obras anteriores, e é inegável a importância delas para o cinema iraniano.
Inteligente e desafiador, "Táxi Teerã" é simples, mas impressiona por sua capacidade expressiva ao colocar as imposições da sociedade iraniana, é um belo retrato, apesar de sentirmos revolta em boa parte, mas é uma oportunidade de incentivar a mudança. Jafar Panahi é um ser humano exemplar e merece todo o reconhecimento por suas obras engrandecedoras.
Há apenas duas câmeras instaladas no carro e o filme todo se passa neste cenário, uma forma de transmitir ao espectador uma sensação de clausura, assim como todos naquele país se sentem. A censura está em todos os segmentos da vida e as consequências dela são desastrosas.
"Táxi Teerã" tem uma forte crítica social e política, adentramos e conhecemos através do táxi de Panahi vários aspectos da sociedade contemporânea iraniana. Ao invés de Jafar Panahi aceitar a se refugiar em outro país, ele continua no seu para expressar sua indignação pela falta de liberdade de maneira clandestina. Inteligentemente bem feito é um filme simples, reflexivo e necessário.
O Irã é um país de contrastes, que cria um conflito entre a tradição islâmica e a modernidade, além é claro de ter um governo ditatorial.
ResponderExcluirDo cinema iraniano, gosto muito dos filmes de Asghard Farhadi, que é craque em retratar esta disputa entre o velho e o novo.
Bjos