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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A Coleção Invisível

"A Coleção Invisível" (2012) dirigido pelo francês radicado no Brasil Bernard Attal é baseado num conto homônimo de Stefan Zweig, a história é transportada para o interior da Bahia num período após a "vassoura da bruxa" (doença dos cacaueiros causada por um fungo). É um filme extremamente simples e sensível, as atuações carregadas de emoção dão o tom exato e faz parecer crível. Vladimir Brichta está confortável em seu personagem, ele é contido, guarda suas emoções, sem dúvidas, até agora a melhor atuação de sua carreira. Na trama também tem a última aparição de Walmor Chagas, como o apaixonado colecionador. 
O início já nos fisga, um grupo de jovens conversando sobre o que gostaria de ser em outra vida, todos animados passam a noite bebendo e dançando, mas um acidente acaba com a vida de todos após saírem com o carro de Beto (Vladimir Brichta). Triste e sem rumo Beto passa seus dias silencioso, não derruba uma lágrima sequer, mas percebe-se que a culpa o corrói. No decorrer ele se envolve com a loja de antiguidades de sua mãe e vai em busca de uma coleção de gravuras raras que seu pai havia vendido tempos atrás. Então, ele viaja até o interior da Bahia e se depara com uma família em decadência e uma fazenda arruinada. Tudo que se vê por lá é a destruição por conta da praga e a agressividade da esposa (Clarisse Abujamra) e da filha (Ludimila Rosa) de Samir (Walmor Chagas). Elas fazem de tudo para que Beto não encontre Samir, ele é posto pra fora em todas as suas tentativas, o que o faz ficar ainda mais curioso. Samir já debilitado e cego, como o próprio Walmor, é protegido por sua rígida mulher. Enquanto Beto está no local ele pensa em tudo que lhe aconteceu e começa a enxergar a vida de uma outra forma.
Não há grandes acontecimentos, apesar de ser um road movie incluindo a autodescoberta, o filme é mais contemplativo e a mudança do personagem acontece apenas no final, os detalhes são importantes e a cada minuto que passa algo acrescenta à trama. "A Coleção Invisível" é um filme especial, sutil e muito bem desenvolvido.

Vladimir Brichta mostrou toda a sua potencialidade, incrível sua entrega e como é natural a sua introspecção e seu progresso. Imenso em sua simplicidade imergimos na história que ao final nos brinda com belíssimos diálogos de Samir e Beto e revelações que acabam por mudar a visão de mundo e de si mesmo.
A canção tema "Teus Olhos Cansados" interpretada por Tiê encanta e hipnotiza, realmente a delicadeza está absolutamente em tudo neste longa. A aura melancólica instiga a reflexão. Há muitas cenas tocantes em que sentimos todas as emoções junto com o protagonista.
"A Coleção invisível" é daqueles filmes memoráveis, pois tudo nele é agradável, mesmo com toda a dor e devastação. Beto conseguiu extrair beleza e pureza em meio a destruição e ao final saiu renovado e quem sabe pronto para continuar.

2 comentários:

  1. Assisti há pouco esse filme, bem o tipo de filme que me atrai. Fico um pouco triste por esses filmes mais "off" não terem uma divulgação que chegue em mim. Se não fosse pela plataforma, jamais teria sabido da existência dele.

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    1. Obrigada pelo comentário e visita!
      Esse filme é um achado lindo❤️

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